NO EXTERIOR. Os sinais são mistos nos futuros das bolsas de Nova York, que tentam ganhar fôlego após a forte queda de ontem, mas o tom mais duro ou hawkish do Federal Reserve ainda ecoa nos mercados e penaliza especialmente as bolsas europeias, que caem mais de 1% nesta manhã. O Fed sinalizou ontem, na ata da última reunião de política monetária, que poderá começar a subir os juros mais cedo e com mais intensidade do que se imaginava. Há também cautela no Velho Continente com o forte avanço da variante Ômicron do coronavírus na região e em outras partes do mundo. Indicadores na China, Alemanha e Reino Unido mostrando recuperação econômica ficaram em segundo plano.

POR AQUI. A falta de tração no exterior por causa do tom conservador do Federal Reserve devem influenciar os mercados locais em meio a preocupações com o cenário fiscal. A esperada aceleração do IGP-DI de dezembro e o IPC-Fipe do mês passado no teto das estimativas podem reforçar a necessidade de mais outra alta de 150 pontos-base da Selic em fevereiro, enquanto a produção industrial deve vir melhor em novembro em relação a outubro, mas ainda mostrar ritmo lento de retomada da economia. Os dados podem sustentar pressão de alta nos juros futuros, assim como a expectativa com o leilão do Tesouro, com estreia da NTN-F para 2033, que deve ter um lote bom, segundo traders. A mobilização dos servidores públicos por reajuste salarial fica no radar e pode impor cautela (leia mais abaixo em O que Sabemos).

NA POLÍTICA. O cientista político Christopher Garman, diretor executivo para as Américas da Eurasia, avalia que os riscos nas eleições no Brasil "estão sendo superdimensionados". "O Lula não vai dar uma guinada radical para a esquerda, ampliando os gastos de forma irresponsável, e o Bolsonaro não vai representar uma ameaça à democracia", disse. Interlocutores do ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB), alimentam a versão de que, além do fator eleitoral, a operação aberta ontem pela Polícia Civil pode ter relação com um processo movido contra o governador João Doria (PSDB).

AGENDA.

INDÚSTRIA, LEILÃO DO TESOURO E DADOS DOS EUA NO FOCO - A agenda desta quinta-feira (6) traz a divulgação da produção industrial brasileira de novembro (9h00) e do IGP-DI de dezembro e de 2021(8h00). Para o índice de preços, a mediana das estimativas do Projeções Broadcast aponta alta de 1,54% na margem, após queda de 0,58% em novembro. Para o dado da indústria, a mediana é de alta de 0,2% na comparação mensal, após queda de 0,6% em outubro. O Tesouro faz também leilão de LTN e NTN-F (11h00). No exterior, saem as encomendas à indústria dos Estados Unidos (12h00), os pedidos semanais de auxílio-desemprego por americanos e a balança comercial do país (ambos às 10h30). O presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, participa em evento (15h00). Na Europa, são informados dados de inflação ao consumidor na Alemanha (10h00).

O QUE SABEMOS

MOVIMENTO DE SERVIDOR POR BENEFÍCIO CAUSA TRANSTORNO NO PORTO E EM FRONTEIRAS - A mobilização da elite do funcionalismo público por melhores salários começa a provocar os primeiros efeitos reais, com filas que podem prejudicar o abastecimento de produtos no Brasil. Em São Paulo, no Porto de Santos, o atraso na liberação de trigo vindo da Argentina preocupa o setor. No Norte, segundo o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), 800 caminhões, carregados com diferentes tipos de produto, ficaram parados ontem na fronteira.

EM TESE: Em tempos de inflação elevada e riscos fiscais também altos, as paralisações devem pressionar ainda mais os preços, primeiramente por meio de fretes e em seguida gerar um efeito cascata na cadeia como um todo, reforçando ainda temores nos mercados. Conforme Rubens Barbosa, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Rubens Barbosa, se as liberações não forem feitas rapidamente, como de rotina, podem acarretar um problema de abastecimento. Além disso - e dado que este ano é de eleições -, pressionado, o governo pode facilitar alguns reajustes, de forma a aumentar ainda mais as incertezas em relação às contas públicas do País. Após os servidores da Receita Federal e do Banco Central entregarem seus cargos comissionados, mais de 150 auditores fiscais do Trabalho já deixaram seus postos de chefia ou coordenação.

DEMANDA TOTAL DA GOL SOBE 14,7% EM DEZEMBRO - A demanda total (RPK - passageiros-quilômetro transportados pagos) da companhia aérea cresceu 14,7% ante dezembro de 2021. A oferta (ASK - assentos-quilômetro oferecidos) teve alta de 13,4% e a taxa de ocupação da Gol subiu 0,9 ponto porcentual, para 81,9%. O número de decolagens evoluiu 21,7%.

EM TESE: Os números positivos da Gol podem trazer algum alento pontual às ações. Porém, os dados tendem a ser insuficientes para afastar os desafios impostos pela crise sanitária que se arrasta no País há quase dois anos. Com cancelamentos do carnaval em várias cidades do Brasil, a demanda por voos será afetada, à medida que continua o avanço da covid-19, com a cepa Ômicron, e da gripe, com a nova variante do vírus Influenza, a H3N2 impõe cautela. A própria Azul já informou que o aumento nos casos de covid-19 e influenza estão afastando tripulantes da empresa, o que também tem afetados seus voos, informa o G-1. No Ibovespa, as ações das duas empresas amargam perdas consideráveis no mês de 10,57% (Gol) e de 8,21% (Azul).

OVERNIGHT

PMI COMPOSTO DA CHINA SOBE A 53 EM DEZEMBRO, DE 51,2 EM NOVEMBRO - O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto da China subiu de 51,2 em novembro para 53,0 em dezembro, de acordo com pesquisa divulgada pela IHS Markit em parceria com a Caixin Media. O PMI de serviços atingiu 53,1 no mês passado, após 52,1 em novembro.

NO JAPÃO, PMI COMPOSTO DE DEZEMBRO CEDE A 52,5 - O PMI composto do Japão recuou de 53,3 em novembro para 52,5 em dezembro, segundo dados finais publicados pelo IHS Markit em conjunto com o Jibun Bank. O resultado manteve o PMI japonês em território de expansão, acima de 50, pelo terceiro mês consecutivo. Como resultado, a leitura média marcou o desempenho trimestral mais forte desde o quarto trimestre de 2018.

TAXA ANUAL DO PPI DA ZONA DO EURO ACELERA A 23,7% EM NOVEMBRO E SUPERA EXPECTATIVAS - O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) da zona do euro subiu 23,7% em novembro de 2021 ante igual mês do ano anterior, ganhando força ante o acréscimo anual de 21,9% observado em outubro, segundo dados publicados pela Eurostat. O resultado superou a expectativa de analistas, de alta de 22,8%.

PMI DE SERVIÇOS DO REINO UNIDO CAI A 53,6 EM DEZEMBRO; ACIMA DA PRÉVIA - O PMI de serviços do Reino Unido caiu de 58,5 em novembro para 53,6 em dezembro, atingindo o menor nível desde fevereiro do ano passado, segundo dados finais divulgados pela IHS Markit em parceria com a CIPS. O resultado, porém, ficou acima da leitura preliminar de dezembro, de 53,2, e também da previsão de analistas, 52,9.

IPC-FIPE SOBE 0,57% EM DEZEMBRO E ENCERRA 2021 EM 9,73% - O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) subiu 0,57% em dezembro, depois da alta de 0,72% em novembro. O resultado ficou no teto das estimativas na pesquisa Projeções Broadcast, cujo piso era de 0,46%, com mediana de 0,53%. Em 2021, o IPC-Fipe fechou com taxa de inflação de 9,73%, após 5,62% de 2020.

BRASIL REGISTRA 27.578 CASOS DE COVID EM 24H, MAIOR DESDE 30/9/2021 - O País registrou nas últimas 24 horas 27.578 casos de covid-19, o maior índice em um só dia desde os 27.979 computados em 30 de setembro do ano passado. A média móvel semanal de infecções subiu a 12.391. A taxa é 318% maior do que a apurada há 14 dias. Por sua vez, a média de mortes (98) é 2% menor ante igual base de comparação.

AO MENOS 11 CAPITAIS CANCELAM CARNAVAL - Ao menos onze capitais anunciaram o cancelamento do carnaval 2022, devido ao avanço da covid-19, com a cepa Ômicron, e da gripe, com a nova variante do vírus Influenza, a H3N2. Entre elas, Recife, Rio e Salvador, reconhecidas nacional e internacionalmente pelos festejos. Além de São Paulo, nove ainda não tomaram decisão. Outras cidades com festas carnavalescas tradicionais, como Olinda e Ouro Preto, também não terão foliões nas ruas.

INVESTIDOR ESTRANGEIRO INGRESSA COM R$ 33,432 MI NA B3 NO DIA 3 - Os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 33,432 milhões na B3 na sessão de segunda-feira (3), primeiro pregão do ano. O montante é resultado de compras acumuladas de R$ 13,272 bilhões e vendas de R$ 13,239 bilhões.

APÓS TER ALTA, BOLSONARO VAI A JOGO BENEFICENTE DE SERTANEJOS EM GOIÁS - No mesmo dia em que recebeu alta hospitalar, o presidente Jair Bolsonaro viajou para Buriti Alegre (GO), a cerca de 390 quilômetros de Brasília, para acompanhar uma partida beneficente de futebol organizada por cantores sertanejos. O presidente vinha sendo criticado por aproveitar férias em Santa Catarina e não visitar a Bahia, onde as fortes chuvas provocaram mortes de ao menos 26 pessoas.

BOLSONARO SANCIONA LEI QUE DÁ AUXÍLIO E SEGURO PARA ENTREGADORES DE APLICATIVOS NA PANDEMIA - O presidente Jair Bolsonaro sancionou, ontem (5) uma lei que obriga empresas de aplicativos de entregas a oferecerem, durante a pandemia de covid-19, ajuda financeira a entregadores afastados por contaminação pelo novo coronavírus e, ainda, um seguro para casos de acidentes durante o exercício das atividades.

CAPITALIZAÇÃO DA ELETROBRAS DEVE SER EM ABRIL - O BNDES mantém para abril a expectativa para a capitalização da Eletrobras, informou em audiência pública o chefe de Departamento de Estruturação de Empresas do banco, Leonardo Mandelblatt. A emissão de ações da Eletrobras busca reduzir a participação da União no capital da empresa para 45%, considerando as ações com direito a voto. Hoje, o governo tem participação de 72,33%. Em relação ao capital total, a fatia cairia de 61,77% para 40,84%.

S&P: CUSTOS DE FRETE SEGUIRAM CONTRIBUINDO PARA PREÇOS MAIS ALTOS DAS COMMODITIES - Os custos de frete em todo o mundo continuam elevados, contribuindo para a alta dos preços das commodities, aponta a S&P. Em relatório, afirma que os gargalos da cadeia de suprimentos estão diminuindo lentamente, ajudando as commodities a terminarem fortes em dezembro, aumentando 7,59% ao longo do mês, com a recuperação nos preços da energia e as preocupações com a variante Ômicron do coronavírus sendo deixadas de lado, e a demanda global ainda com dificuldades.

REAJUSTE MÉDIO NO SETOR PRIVADO FICA EM 6,5% E PERDE PARA A INFLAÇÃO - O salário recebido pelo trabalhador com carteira assinada no setor privado perdeu feio para a inflação em 2021, um movimento que deve continuar neste ano, diante do elevado desemprego e da perspectiva de baixo crescimento da economia brasileira. Entre janeiro e novembro passado, o reajuste médio obtido pelos trabalhadores por meio de negociações coletivas foi de 6,5%, segundo o "Salariômetro" da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) ficou em 8,4%.

E NOS MERCADOS.

FUTUROS DAS BOLSAS DE NY OSCILAM PERTO DA ESTABILIDADE - Os índices futuros das bolsas de Nova York oscilam perto da estabilidade, após os mercados à vista caírem significativamente no último pregão com sinalização de que o Federal Reserve poderá começar a elevar juros mais cedo do que se imaginava. Os rendimentos dos Treasuries operam em alta na madrugada desta quinta-feira, ampliando ganhos da sessão anterior. Às 7h16, no mercado futuro, o Dow Jones subia 0,11%, enquanto o S&P 500 subia 0,04% e o Nasdaq recuava 0,07%. O juro da T-note de 2 anos subia a 0,861%, 0,829% no fim da tarde de ontem. O juro da T-note de 10 anos avançava a 1,735%, 1,700%, e o do T-bond de 30 anos aumentava a 2,134%, 2,091%.

BOLSAS EUROPEIAS EM BAIXA SIGNIFICATIVA - As bolsas europeias operam em baixa significativa nesta quinta-feira, seguindo o tom negativo dos mercados acionários de Nova York, que ontem tiveram fortes perdas após o Federal Reserve sinalizar, em ata de política monetária, que poderá começar a elevar juros mais cedo do que se imaginava. Às 7h16, a Bolsa de Londres caía 0,53%, a de Frankfurt recuava 0,94% e a de Paris se desvalorizava 1,04%. O euro estava estável em US$ 1,1313, e a libra era cotada a US$ 1,3518, de US$ 1,3554.

PETRÓLEO EM ALTA - Os contratos futuros de petróleo ensaiam recuperação e assumem trajetória ascendente, depois de terem caído durante a madrugada. O agravamento dos protestos no Cazaquistão ameaçam reduzir a oferta global da commodity energética, uma vez que o país produz cerca de 1,6 milhão de barris por dia (bpd), de acordo com o Commerzbank. Na Líbia, há relatos de que milícias invadiram as operações de mais um campo de petróleo em Trípoli. A diminuição da produção tende a fornecer sustentação aos preços. Às 7h15, o barril do petróleo WTI para fevereiro subia 0,53% na Nymex, a US$ 78,26, enquanto o do Brent para março tinha alta de 0,37% na ICE, a US$ 81,10.

BOLSAS DA ÁSIA FECHAM EM QUEDA - As bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em baixa nesta quinta-feira, seguindo os mercados acionários de Nova York, que ontem caíram de forma significativa após o Federal Reserve sinalizar que poderá elevar suas taxas de juros antes do esperado. O índice japonês Nikkei liderou as perdas na Ásia, com queda de 2,88% em Tóquio, enquanto o sul-coreano Kospi caiu 1,13% em Seul. O Xangai Composto teve baixa de 0,25%. A exceção foi o Hang Seng, que subiu 0,72% em Hong Kong. O avanço do PMI de serviços da China para 53,1 em dezembro, apontando expansão mais robusta do setor apesar de preocupações com a covid-19, acabou ficando em segundo plano. Na Oceania, a bolsa de Sydney sentiu o peso da ata do Fed, mas foi também afetada por dados mostrando que a Austrália registrou mais de 72 mil novos casos de covid-19 em um único dia, número recorde, em meio à disseminação da variante Ômicron. Em seu maior tombo desde setembro, o índice australiano S&P/ASX 200 caiu 2,74%. Às 7h16, o dólar caía para 115,83 ienes, de 116,11 ienes no fim da tarde de ontem.

Fonte: Broadcast