MERCADOS TÊM FÔLEGO LIMITADO ANTES DE ATA DO FED

Ata da reunião de dezembro do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) é a grande espera dos investidores neste dia, que ainda conta com PMIs dos EUA e do Brasil. Outro importante indicador é a pesquisa ADP sobre o mercado de trabalho privado americano, enquanto internamente o mercado continua atento aos riscos ficais.

Igor Mena - Tico 05/01/22 às 08:47
MERCADOS TÊM FÔLEGO LIMITADO ANTES DE ATA DO FED

 

OVERVIEW. Ata da reunião de dezembro do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) é a grande espera dos investidores neste dia, que ainda conta com PMIs dos EUA e do Brasil. Outro importante indicador é a pesquisa ADP sobre o mercado de trabalho privado americano, enquanto internamente o mercado continua atento aos riscos ficais.

 

NO EXTERIOR. Indefinição atinge os mercados de ações no exterior, após PMIs com resultados fracos na Europa. Enquanto esperam a divulgação da ata do Fed, à tarde, o desempenho é perto da estabilidade. Hoje os retornos dos Treasuries longos recuam, após a alta da véspera. A expectativa crescente (70%) é de que o Fed comece a elevar o juro em março. Além disso, a covid-19 segue como foco importante, em quadro de avanço forte recente no número de casos da doença nos EUA, França, Itália e Argentina, em meio ao avanço da Ômicron. Ao mesmo tempo em que o Fed - que já começou o tapering (a retirada de estímulos monetários)-, a China vai na contramão. O Banco do Povo chinês (PBoC) provavelmente irá suprir deficiências de liquidez nos mercados antes do feriado do ano novo lunar (fim de janeiro e início de fevereiro). Ainda pode causar desconforto nos mercados a decisão da China de multar várias das maiores gigantes de tecnologia do país por violarem leis antitruste.

 

POR AQUI. A instabilidade do exterior deve atingir o mercado local, especialmente o Ibovespa, antes da expectativa de tom duro da ata do Fed de dezembro, que pode pressionar os mercados internos, ainda que parte eventualmente esteja precificada. O investidor espera por um sinal claro sobre se de fato o juro começará a subir mesmo em março e quantas altas serão necessárias para conter a escalada inflacionária nos EUA. Com juros maiores lá e menos liquidez, emergentes como o Brasil tendem a sofrer mais, à medida que menos dinheiro seja direcionado ao Brasil, e sim para os Estados Unidos. Se não bastasse isso, preocupações fiscais se juntam ao avanço de casos de covid-19 no Brasil, que ontem registrou o maior índice em um só dia desde 5 de outubro de 2021. O temor é que o agravamento da doença leve a fechamentos da atividade, deixando a economia ainda mais frágil. Neste sentido, o cancelamento do carnaval de rua no Rio fica no radar, assim como resta saber como ficará a agenda da festa em São Paulo, enquanto outras cidades já desmarcaram o evento. Ao mesmo tempo, segue o impasse sobre vacinação de crianças contra o coronavírus.

 

NA POLÍTICA. O presidente Jair Bolsonaro teve a sonda nasogástrica retirada na tarde de ontem, segundo boletim médico do Hospital Vila Nova Star, em São Paulo. Conforme a análise, o quadro de saúde do mandatário evolui com "boa aceitação" da dieta líquida e com sinais de recuperação do trato digestivo. No entanto, não há previsão de alta. A Assembleia Legislativa do Acre recebeu nesta semana um novo pedido de impeachment do governador Gladson Cameli (PP). A polícia federal aponta que o governador usou policiais militares para movimentar dinheiro vivo. O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins, suspendeu a ação penal contra a empresária Maria Cristina Boner na Operação Caixa de Pandora, que investigou o esquema conhecido como “mensalão do DEM”, no governo do Distrito Federal.

 

AGENDA

 

ATA DO FED, ADP E PMIS FICAM NO FOCO - Às 10h, sai o PMI Composto e de Serviços do Brasil relativo a dezembro. O Fed divulga a ata da última reunião de política monetária, às 16 horas. Antes (10h15), sai o relatório sobre criação de empregos no setor privado americano do mês passado. Serão divulgados ainda nos EUA o PMI Composto e o de serviços (IHS Markit) de dezembro (11h45). Japão (21h30) e China (22h45) também informam seus PMIs.

 

O QUE SABEMOS

 

MERCADO QUE SABER SOBRE PLANO ECONÔMICO DE LULA - Com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como favorito na corrida presidencial, cresce no mercado a expectativa sobre o plano econômico de governo. Há também incômodo diante de sinalizações de que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega poderá compor a equipe da campanha presidencial. No entorno do ex-presidente, porém, segundo apurou a Coluna, existe a certeza de que ainda não há definição de quem será o porta-voz econômico de Lula.

 

EM TESE: A postura defensiva em relação ao petista parece firme entre agentes do mercado, que temem uma gestão expansionista no âmbito fiscal. O tema tende a sustentar cautela na curva de juros daqui para frente. No entanto, economistas entrevistados pelo Broadcast reconhecem qualquer que seja o próximo presidente haverá uma pressão por políticas que gerem emprego, aumentem a renda e o poder de compra da população e reverta o quadro de fome que voltou a figurar no País.

 

BR PARTNERS FARÁ FOLLOW ON DE R$ 5 MILHÕES PARA AJUSTAR PROBLEMA DE LIQUIDEZ DAS AÇÕES - O banco de investimento BR Partners prepara uma oferta subsequente de ações (follow on) que pode movimentar R$ 5 milhões. Mais do que necessidade de captar recursos, a operação, segundo fontes, é para resolver um problema de liquidez dos papéis do banco na B3.

 

EM TESE: A notícia deve ser favorável às ações da empresa, que abriu o capital (IPO, na sigla em inglês) na B3 em junho de 2021, em operação de R$ 400 milhões, feita por meio da instrução 476, que permite uma oferta de ações apenas para investidores qualificados, aqueles que têm ao menos investimento de R$ 1 milhão. A operação, segundo Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, "é positiva pela capitalização e consequente maior capacidade do banco em ampliar transações financeiras, mas como o preço da emissão não foi definido, seria normal uma realização hoje".

 

OVERNIGHT

 

ZONA DO EURO/IHS MARKIT: PMI COMPOSTO CAI A 53,3 EM DEZEMBRO E FICA ABAIXO DA PRÉVIA -O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto da zona do euro, que engloba os setores industrial e de serviços, caiu de 55,4 em novembro para 53,3 em dezembro, segundo pesquisa da IHS Markit. O número final ficou ligeiramente abaixo da leitura preliminar de dezembro e da previsão de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, de 53,4 em ambos os casos.

 

ALEMANHA/MARKIT: PMI DE SERVIÇOS CAI A 48,7 EM DEZEMBRO, MAS FICA ACIMA DA PRÉVIA -O PMI de serviços da Alemanha caiu de 52,7 em novembro para 48,7 em dezembro, abaixo da marca de 50 que sinaliza contração da atividade, segundo a IHS Markit. A leitura definitiva, porém, superou a estimativa prévia de dezembro e a previsão de analistas, de 48,4 em ambos os casos. Já o PMI composto alemão, que engloba serviços e indústria, recuou de 52,2 para 49,9 no mesmo período. O dado final é ligeiramente menor do que a estimativa inicial de 50.

 

CHINA MULTA GIGANTES DE TECNOLOGIA POR VIOLAÇÃO DE LEIS ANTITRUSTE - A China multou várias das maiores gigantes de tecnologia do país por violarem leis antitruste, ao falharem em comunicar determinadas aquisições e acordos de investimento de forma apropriada. O principal órgão regulador do mercado chinês disse nesta quarta-feira que identificou violações da legislação em mais de uma dezena de transações envolvendo Tencent Holdings, Alibaba Group, JD.com e Bilibili. A multa imposta por cada irregularidade foi de 500 mil yuans (US$ 78.680), segundo o órgão. As punições vieram um dia após a China aprovar novas regulações para cibersegurança e uso de algoritmos pela indústria de tecnologia chinesa.

 

GOVERNO ANUNCIA INÍCIO DAS OPERAÇÕES NA ENBPAR, QUE SUBSTITUIRÁ A ELETROBRAS APÓS PRIVATIZAÇÃO - O governo anunciou ontem o início das atividades da Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar), que vai assumir a gestão da Eletronuclear e da hidrelétrica Itaipu, que não poderão ser repassadas à iniciativa privada durante a privatização da Eletrobras.

 

PETZ INFORMA QUE DESCONHECE MOTIVO DE MOVIMENTAÇÕES ATÍPICAS EM AÇÕES -Em atendimento a Ofício expedido pela B3 - Brasil, Bolsa, Balcão em 4 de janeiro de 2022 sobre oscilações atípicas registradas nas ações ordinárias da companhia entre 20 de dezembro de 2021 e 3 de janeiro de 2022, a Petz esclarece ao mercado que desconhece qualquer informação que se enquadre como fato relevante e que não tenha sido divulgada ao mercado.

 

E NOS MERCADOS.

 

FUTUROS DAS BOLSAS DE NY TÊM SINAIS VARIADOS, PERTO DA ESTABILIDADE - A maioria dos índices futuros das bolsas de Nova York sobe moderadamente, mesmo após o Dow Jones encerrar os dois últimos pregões em máximas históricas. Investidores aguardam nas próximas horas a ata da última reunião de política monetária do Fed e dados americanos de criação de empregos pelo setor privado e de atividade no segmento de serviços. Às 7h17, no mercado futuro, o Dow Jones subia 0,09%, o S&P 500 tinha alta de 0,01% e o Nasdaq cedia 0,21%. O juro da T-note de 2 anos subia a 0,761%, igual ao da véspera, enquanto o da T-note de 10 anos caía a 1,642%, ante 1,646%, e o do T-bond de 30 anos cedia a 2,043%, depois de 2,050% da tarde de ontem. O índice DXY do dólar, que mede as variações da moeda americana frente a outras seis divisas relevantes, tinha queda de 0,18%, a 96,092 pontos, ante 96,262 pontos da tarde de terça-feira.

 

EUROPA TEM NOVO DIA DE VALORIZAÇÃO RECENTE - Após abertura sem direção única, as principais bolsas europeias passaram a subir, dando sequência aos ganhos acumulados nos dois primeiros pregões do ano. A alta ocorre apesar de resultados variados de PMIs na Europa. Agora, investidores esperam a ata do Fed. Às 7h23, Frankfurt subia 0,51%, Paris avançava 0,50% e Londres subia 0,19%. O euro era negociado a US$ 1,1309, após US$ 1,1285 da tarde de ontem e a libra estava em US$ 1,3539, ante US$ 1,3528.

 

PETRÓLEO TÊM VIÉS DE BAIXA - Os contratos futuros do petróleo oscilam perto da estabilidade, pendendo para o negativo, depois de acumularem ganhos nas duas sessões anteriores em meio à confirmação de que a Opep+ seguirá elevando sua produção da commodity gradualmente. No fim da tarde de ontem, o American Petroleum Institute (API) estimou queda nos estoques de petróleo dos EUA da última semana, mas também apontou aumentos nos volumes estocados de gasolina e de destilados. Nas próximas horas, o Departamento de Energia (DoE) publica levantamento oficial sobre estoques de petróleo e derivados dos EUA. Às 7h24, o barril do petróleo WTI para fevereiro cedia 0,21% na Nymex, a US$ 76,83. O do tipo Brent para março caía 0,14% na ICE, a US$ 79,89.

 

ÁSIA FECHA MAJORITARIAMENTE EM BAIXA, PRESSIONADAS POR AÇÕES DE TECNOLOGIA - As bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em queda, à medida que ações de tecnologia recuaram na esteira de multas impostas pela China a gigantes do setor e do salto recente nos juros dos Treasuries. Em Hong Kong, o índice Hang Seng caiu 1,64%. Os papéis de tecnologia sofreram tombos de até 11% após Pequim anunciar multas a várias das maiores empresas de internet chinesas por violações de leis antitruste. Ações do setor imobiliário também registraram perdas após uma unidade da China Evergrande revelar planos de adiar pagamento de juros sobre bônus. O Xangai Composto recuou 1,02%. O sul-coreano Kospi se desvalorizou 1,18% em Seul, mas o japonês Nikkei subiu 0,10% em Tóquio. Na Oceania, a bolsa australiana o S&P/ASX 200 da Bolsa australiana caiu 0,32%. Às 7h24, o dólar era negociado a 115,82 ienes, depois de 116,13 ienes da tarde de terça-feira.

Fonte: Broadcast

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