MODERAÇÃO EXTERNA DEVE ATINGIR LOCAL ANTES DO PAYROLL EM SEMANA MARCADA POR FED HAWKISH

OVERVIEW. Mercado ficará atento ao payroll, relatório de emprego dos Estados Unidos de dezembro, bem como nas palavras de dirigentes do Fed, que participam de eventos, para tentar encontrar sinais sobre a política monetária, depois da ata com tom duro. No Brasil, o foco recairá nos números de produção, vendas e exportações do mês passado e de 2021 da Anfavea.

Igor Mena - Tico 07/01/22 às 08:48
MODERAÇÃO EXTERNA DEVE ATINGIR LOCAL ANTES DO PAYROLL EM SEMANA MARCADA POR FED HAWKISH

NO EXTERIOR. À espera do payroll, as bolsas asiáticas fecharam com sinais divergentes, movimento que é acompanhado pelas europeias e pelos rendimentos dos treasuries. Já o petróleo sobe, na esteira de temores sobre a oferta. Da mesma forma, os índices futuros de ações de Nova York testam alta. No entanto, é o relatório de emprego americano que gera grande expectativa, a fim de reforçar ou não o tom hawkish da ata do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), dado que o mercado de trabalho segue aquecido, bem como a inflação. Na ata esta semana, o Fed sugeriu alta antecipada dos juros e em ritmo mais forte do que se imaginava. Para o Presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, é "definitivamente possível" estabelecer a primeira alta da taxa básica de juros na reunião de decisão monetária de março. Ainda em sua visão, é possível a volta do balanço patrimonial igual ou menor do que na pré-pandemia.

 

POR AQUI. Sinais variados dos mercados de ações externos pode gerar instabilidade nos ativos domésticos, especialmente no Ibovespa, pelo menos até que seja divulgado o payroll americano. No entanto, a valorização do petróleo pode servir de alento. Porém, ainda deve ser insuficiente para garantir um fechamento positivo na semana nos moldes do visto há um ano (alta semanal de 5,09%). Além disso, persistem preocupações com a evolução da economia, seja na área fiscal, da atividade e da inflação. O manifesto dos servidores por aumento salarial se espalha com a adesão de novas categorias, o que também deve influenciar os juros e o câmbio. Para completar, o governo terá de enfrentar um problema adicional para administrar a pressão do funcionalismo: a previsão de recursos no Orçamento para reajuste salarial é ainda mais insuficiente. Em um desdobramento dos movimentos de servidores públicos por maiores remunerações, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) anunciou a suspensão da maioria dos seus julgamentos a partir de segunda-feira (10).

 

NA POLÍTICA. O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que recomendou a vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a covid-19. “A Anvisa virou um outro poder no Brasil. É a dona da verdade em tudo”, disse o chefe do Executivo em sua primeira transmissão ao vivo semanal nas redes sociais em 2022. Mais cedo, durante uma entrevista à TV Nova Nordeste, de Pernambuco, Bolsonaro já havia feito críticas à agência. Pivô da investigação sobre um esquema de corrupção envolvendo contratos firmados entre prefeituras paulistas e organizações sociais (OSs) da área da saúde, o médico Cleudson Garcia Montali pode ter atuado como “testa de ferro” do ex-governador Márcio França, segundo a Polícia Civil de São Paulo.

 

AGENDA

 

Payroll nos EUA e Anfavea no Brasil são destaque -  O relatório de emprego dos Estados Unidos (payroll) de dezembro, com dados de geração de postos de trabalho, salário médio por hora e taxa de desemprego sai às 10h30. Além disso, dirigentes do Fed participam de evento. Já no Brasil, a Anfavea divulga os números para produção e venda de veículos de dezembro e de 2021.

 

O QUE SABEMOS

 

ACSP: VAREJO PAULISTANO RETOMA PATAMAR PRÉ-PANDEMIA EM DEZEMBRO DE 2021 - A movimentação no varejo paulistano em dezembro foi 1,8% maior, se comparada com o mesmo mês de 2019, o que coloca o setor no mesmo patamar registrado anteriormente à pandemia da covid-19. É o que aponta o Balanço de Vendas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), indicador elaborado pelo Instituto de Economia Gastão Vidigal (IEGV) com base nos dados da Boa Vista SA.

 

EM TESE: Os dados de recuperação do varejo para o patamar pré-pandemia ocorrem em um momento em que o País se vê às voltas com uma nova e grande onda de infecções pelo coronavírus, com a disseminação da variante Ômicron. Ontem foi registrada a primeira morte no Brasil provocada pela nova cepa, na cidade de Aparecida de Goiânia. Com isso, companhias de vários portes que estavam programando um retorno ao trabalho presencial nas próximas semanas estão revendo seus planos. A disparada de novos casos dispara no País e pressiona o sistema de saúde de milhares de cidades, principalmente as turísticas, o que deve ter impacto nas ações de empresas do setor. Em São Paulo, a prefeitura decidiu ontem pelo cancelamento do carnaval de rua.

 

ALÉM DA REFORMA TRABALHISTA, PT FALA EM REVER TETO, PRIVATIZAÇÕES E ATÉ AUTONOMIA DO BC - A indicação do PT de que pode desfazer a reforma trabalhista no Brasil não é a única revisão de medida econômica que o partido discute adotar caso volte ao poder. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e importantes integrantes da legenda também avaliam atuar para reverter outras propostas, como o programa de privatizações de estatais e o teto de gastos, principal âncora fiscal da economia.

 

EM TESE:  Com a liderança do petista em todas as pesquisas de intenção de voto, as recentes sinalizações de Lula e de outros integrantes do PT vêm causando desconforto nos mercados nesta semana. Investidores e o setor empresarial acompanham a movimentação a pré-eleitoral à espera de que o ex-presidente acene com uma política concentrada na disciplina fiscal, mais identificada no primeiro mandado de Lula. A escolha do ex-ministro Guido Mantega como porta-voz econômico do partido foi o ponto alto da desconfiança do mercado esta semana, com críticas aos "governos neoliberais" de Michel Temer e Jair Bolsonaro.

 

OVERNIGHT

 

VENDAS NO VAREJO DA ZONA DO EURO TÊM ALTA INESPERADA DE 1% EM NOVEMBRO ANTE OUTUBRO - As vendas no varejo da zona do euro subiram 1% em novembro ante outubro, segundo dados publicados hoje pela agência oficial de estatísticas da União Europeia (UE), a Eurostat. O resultado surpreendeu analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam queda de 0,5% nas vendas do período.

 

TAXA ANUAL DO CPI DA ZONA DO EURO ACELERA A RECORDE DE 5% EM DEZEMBRO - A taxa anual de inflação ao consumidor (CPI, pela sigla em inglês) da zona do euro atingiu a máxima histórica de 5% em dezembro, acelerando levemente em relação à alta de 4,9% observada em novembro, segundo dados preliminares divulgados pela Eurostat. O resultado do mês passado surpreendeu analistas, que previam arrefecimento da taxa a 4,7%.

 

ALEMANHA: PRODUÇÃO INDUSTRIAL CAI 0,2% EM NOVEMBRO ANTE OUTUBRO; PREVISÃO +0,5% - A produção industrial da Alemanha recuou 0,2% em novembro ante outubro de 2021, segundo dados com ajustes sazonais publicados hoje pela Destatis. O resultado frustrou a expectativa de analistas, que previam alta de 0,5% no período. As exportações do país subiram 1,7% no mês, ao passo que as importações cresceram 3,3% no mesmo período.

 

CHINA: RESERVAS INTERNACIONAIS TÊM ALTA INESPERADA EM DEZEMBRO, A US$ 3,25 TRILHÕES - As reservas internacionais da China aumentaram em dezembro, graças a entradas de capital que compensaram o efeito da desvalorização do dólar, segundo dados do PBoC, o banco central chinês. No fim do mês passado, as reservas chinesas totalizavam US$ 3,25 trilhões, com alta de US$ 28 bilhões em relação a novembro. O resultado surpreendeu analistas, que previam queda de US$ 2 bilhões no montante de dezembro.

 

PETROBRAS DIZ QUE MANTÉM INTENÇÃO DE VENDER 100% DAS AÇÕES PN DA BRASKEM POR FOLLOW ON - A Petrobras reiterou em comunicado divulgado ao mercado, em resposta a notícias divulgadas na imprensa, que mantém o plano de vender até 100% das ações preferenciais que detém na Braskem por meio de oferta(s) pública(s) secundária(s) de ações (follow-on), junto com a Novonor, que também faz parte do bloco de controle. A estatal diz esperar que a oferta ocorra no primeiro trimestre de 2022.

 

FONTES/CAPTAÇÕES: BB FECHA EMISSÃO EXTERNA DE US$ 500 MILHÕES; DEMANDA VAI A US$ 1,5 BI - O Banco do Brasil fechou ontem emissão externa de US$ 500 milhões no mercado internacional, de acordo com fontes. Os papéis têm prazo de 7 anos e saíram com taxa de retorno (yield) de 4,875%, abaixo do inicialmente sinalizado no livro de ofertas, na casa dos 5%.

 

FONTES/CAPTAÇÕES: GLOBO FECHA EMISSÃO EXTERNA DE US$ 400 MILHÕES - A Globo Comunicação e Participações fechou no final da tarde de ontem emissão externa de US$ 400 milhões, de acordo com fontes. A taxa de retorno (yield) ficou em 5,75%, com cupom (juro nominal) de 5,5%, abaixo do inicialmente sinalizado aos investidores, na casa dos 6%.

 

BOLSONARO DEVE VETAR REFIS PARA AS MICRO E AS PEQUENAS EMPRESAS - O presidente Jair Bolsonaro avalia vetar integralmente o Refis (programa de parcelamento de dívidas com perdão de multas e encargos) das micro e pequenas empresas por recomendação da equipe econômica, que alega falta de compensação da renúncia tributária, segundo apurou o Estadão/Broadcast. A reabertura do programa poderia permitir a renegociação de R$ 50 bilhões em dívidas. Hoje, no Brasil, há 16 milhões de Microempreendedores Individuais (MEIs) e empresas de pequeno porte.

 

E NOS MERCADOS.

 

FUTUROS DE NY TESTAM ALTA, APÓS PERDAS RECENTES E À ESPERA DO PAYROLL - Os índices futuros das bolsas de Nova York têm alta moderada, sugerindo que os mercados à vista vão ensaiar uma recuperação parcial após acumularem perdas nos dois últimos pregões em meio a sinais de que o Fed pode antecipar seu planejado aumento de juros. Hoje, as atenções vão se voltar para o payroll. Às 7h30, no mercado futuro, o Dow Jones subia 0,16% e o S&P 500 0,22%, enquanto o Nasdaq tinha alta de 0,25%. O juro da T-note de 2 anos estava em 0,870% (de 0,877% da véspera), o da T-note de 10 anos estava em 1,723% (de 1,732%), enquanto o do T-bond de 30 anos mostrava 2,087%, após 2,082% da tarde de ontem. O índice DXY do dólar, que mede as variações da moeda americana frente a outras seis divisas relevantes, caía 0,20%, a 96,129 pontos, depois de 96,320 pontos da tarde de quinta-feira.

 

EUROPA TÊM DIREÇÃO DIVERGENTE, APÓS INFLAÇÃO RECORDE NA REGIÃO - As bolsas europeias oscilam entre leves altas e baixas, com investidores de olho na inflação recorde ao consumidor (CPI) da zona do euro, nas vendas acima do esperado na região e na queda do índice de sentimento econômico em dezembro, ao menor nível em sete meses. Além disso, investidores esperam a divulgação do relatório de emprego dos EUA. Mais cedo, números da produção industrial alemã decepcionaram. Às 7h34, Londres subia 0,05%, Frankfurt caía 0,38% e Paris cedia 0,06%. O euro era negociado a US$ 1,1309, após US$ 1,1292 da tarde de ontem. A libra valia US$ 1,354, depois de US$ 1,3533 da véspera.

 

PETRÓLEO AVANÇA PELA 5ª SESSÃO SEGUIDA, FAVORECIDO POR AMEAÇAS À OFERTA - Os contratos futuros do petróleo sobem, acumulando ganhos pela quinta sessão consecutiva, sustentados por crises que ameaçam a oferta da commodity no Casaquistão e na Líbia. Além disso, há relatos de que a produção em Alberta, no Canadá, desacelerou devido ao frio extremo e de que as baixas temperaturas também começam a prejudicar a oferta na região de Bakken, no Estado americano da Dakota do Norte, segundo o ING. Às 7h35, o barril do petróleo WTI para fevereiro subia 1,06% na Nymex, a US$ 80,30, enquanto o do Brent para março avançava 1,02% na ICE, a US$ 82,83.

 

ÁSIA FECHA COM SINAIS VARIADOS - As bolsas asiáticas fecharam sem direção única, enquanto investidores aguardam novos dados do mercado de trabalho dos EUA e acompanham a difícil situação do setor imobiliário chinês. O Xangai Composto recuou 0,18%. Em Hong Kong, o Hang Seng subiu 1,82%, impulsionado por ações do setor imobiliário e de tecnologia. O papel do Shimao Group, no entanto, sofreu um tombo de 5,43%, após relatos de que a incorporadora chinesa deu calote num pagamento de empréstimo, no último sinal das dificuldades financeiras enfrentadas pela indústria imobiliária da China. O japonês Nikkei teve baixa de 0,03% em Tóquio, enquanto o sul-coreano Kospi avançou 1,18% em Seul. Na Oceania, o S&P/ASX 200 da bolsa australiana subiu 1,29% em Sydney. Às 7h36, o dólar valia 115,82 ienes, ante 115,89 ienes da tarde de ontem.

Fonte: Broadcast

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